A época que se vive, de festa e abundância, caracterizada pelo excesso de ingestão calórica, é normalmente propícia à acumulação de gorduras no organismo. Não é grave, se considerarmos que este desequilíbrio, entre o consumo e o desgaste calórico, é ocasional e próprio deste período, que se pretende de convívio e alegria. O problema coloca-se quando no nosso dia-a-dia esta desproporção persiste, com um aporte calórico superior ao desgaste. Na verdade este é um cenário bastante comum, por isso é que cada vez mais o excesso de peso e a obesidade têm um impacto negativo nas sociedades modernas.
Mais do que andar a fazer contas de somar ou subtrair, às calorias que ingerimos e desgastamos, devíamos era mudar hábitos, porque esses sim trazem resultados. Apesar de existir muita informação disponível com os valores nutricionais dos alimentos e ser possível quantificar as calorias que cada um possui, embora existam diversas formas de estimar o desgaste calórico que conseguimos nas variadas tarefas que realizamos habitualmente, na prática, para o individuo comum, não é muito fácil controlar esse processo.
Muitos dos leitores conhecem certamente o significado do conceito “dieta iô-iô”, caracterizada por uma mudança do regime alimentar, mais ou menos radical, normalmente utilizada por períodos de tempo limitados, que produzem resultados pouco duradouros, duvidosos e por vezes pouco saudáveis.
O conceito “iô-iô” pode ser transferido também para a actividade física, porque uma larga fatia de individuos têm hábitos desportivos com altos e baixos, muito pouco regulares ao longo do ano, normalmente condicionados pelo aproximar do Verão ou pelos remorsos dos excessos cometidos em épocas festivas. Claro está que os resultados deste tipo de prática desportiva são também limitados e podem não ser assim tão saudáveis, quando se cai no exagero.
“O hábito faz o monge” e é bem verdade! É de hábitos, de regularidade e disciplina que se produzem resultados consistentes. O conhecimento têm também, nesta matéria, um papel muito importante, porque é através desse conhecimento que somos capazes de impor metas realistas e conseguir controlar parte dos factores e variáveis do processo de condicionamento da nossa saúde e bem-estar, sem considerar que é algo de transcendente.
Em matéria de exercício físico quase todos sabem que faz bem à saúde. Alguns até o fazem regularmente, mas muito poucos conhecem qual a quantidade necessária e o tipo de exercício que deverão fazer para atingir os seus objectivos. E qual é a quantidade de exercício necessária? Se o objectivo é a manutenção do bem-estar uma prescrição geral, como caminhar 30 minutos ou ir até ao ginásio ou à piscina, 2 ou 3 vezes por semana, poderá servir à maioria. Se os objectivos são mais ambiciosos, como perder peso, então aí a prescrição deverá ser muito mais objectiva, rigorosa e obriga a um compromisso e disciplina muito superiores por parte de quem os pretende atingir.
Alguns estudos referem que 66% da população adulta tem excesso de peso ou sofre de obesidade, que pode resultar numa mão cheia de doenças crónicas. É sabido também que indivíduos sedentários ganham, em média, entre 8 a 9 Kg entre os 18 e os 65 anos de idade. Existe, claramente, muita gente que não se anda a exercitar o suficiente (Les Mills 2009).
A revisão das guidelines (orientações), elaborada recentemente, pelo ACSM, sobre a prescrição de exercício em adultos saudáveis, refere claramente:
a) A quantidade de exercício que é preciso fazer para manter o peso regular;
b) A quantidade necessária de exercício para perder peso;
c) Qual a quantidade de exercício suficiente para fazer manutenção após o ter perdido peso.
Vejamos então essas orientações! Se for um adulto saudável e quiser manter o seu peso terá de realizar entre 150 e 250 minutos de exercício por semana. Isto equivale 2,5 a 4 horas de exercício moderado / semana. Para perder peso serão necessários entre 250 a 300 minutos de exercício físico, ou 4 a 5 horas de exercício / semana. Depois de perder peso, para o conseguir manter, é necessário garantir um bom nível de actividade física, que o ACSM aconselha seja de 4 horas / semana. Dentro desta prescrição, quantificada em minutos de treino, o ACSM recomenda que pelo menos duas das sessões de treino sejam de força (musculação).
É verdade que não é nada fácil cumprir estas orientações, para a maioria dos indivíduos, mas também é verdade que a maior parte não se esforça o suficiente. Ainda assim reforçamos que pouco exercício é melhor que nenhum e pequenas doses de actividade física podem ter um enorme impacto na nossa saúde e bem-estar.
Costuma dizer-se que somos o que comemos mas também somos certamente o que nos mexemos.
Em 2010 seja mais activo e não deixe que a “crise” afecte o seu equilíbrio. Seja saudável, pratique exercício físico!
Referências:
ACSM (2009). ACSM`s Guidelines for exercise testing and prescription– 8th edtion, Baltimore: Lippincott Williams and Wilkins.