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Lançamento do livro " ARQUIPÉLAGO"

Com quarenta e cinco minutos de atraso (devido á greve do Metro de Lisboa) e o auditório da Fnac-Chiado a rebentar pelas costuras, foi apresentado no passado dia 26 de maio, o livro "ARQUIPÉLAGO"  cujo autor, Joel Neto,  é, para além de jornalista, escritor com obras publicadas.

 
 
A apresentação esteve a cargo da  escritora  Alice Vieira, sobejamente conhecida  por toda a gente, especialmente por crianças, e  com  um historial  de contos infantis a serem lidos em escolas, bibliotecas, e em milhares de residências portuguesas.
 
Depois da desculpa pelo atraso e dos agradecimentos pela presença de quem quis saborear esta "recomendação cultural" o representante  da "Marcadores" (editor do livro ) começa por espressar o seu contentamento « porque finalmente podemos concretizar uma ambição nossa, eu próprio acredito muito nas coincidências significantes, e este livro está realmente recheado desses significantes. Vocês ainda não tiveram tempo de ler, mas de certeza quando isso acontecer vão comprovar essa magia de leitura».
 
 
Depois de agradecer a quantos trabalharam  para a feitura do livro , o representante da editora ( de quem eu  esqueci o nome e peço desculpa  por isso ) quis compartilhar a informação de que o "ARQUIPÉLAGO" posto á venda há apenas uma semana, já tinha entrado no 1º lugar do  TOP 10 das cadeias de vendas do respectivo produto.
 
 
Alice Vieira foi a oradora seguinte, que começou por salientar que «só  ele ( Joel Neto)  me faria estar aqui hoje» , vai  desenrolando " milhentas" palavras do livro a uma velocidade vertiginosa , mas percectiveis ,ao ouvido humano , (mas não ao meu velhinho gravador de bolso cuja causa atribuo ao eco registado na sala.) Só uma escritora como Alice Vieira conseguiria um momento  tão notável e divertido, como o provam as fotos incluídas nesta reportagem.
 
 
O mais engraçado, é  que  mesmo assim, consegui perceber ( no gravador ) a ultima palavra da escritora para os presentes,  que é a seguinte : GOSTARAM ?
 
 
A resposta foi uma enorme salva de palmas !
 
 
Joel Neto seria o finalista daquele encontro de fim de tarde para falar do seu livro, sentindo-se maravilhado por ter tanta gente  interessada no evento.Queria também , diz , agradecer á Alice  a tremenda generosidade em apresentar o livro ,  Nós em portugal ouvimos palavras como " pede o favor"  e não há mais  terror  de fazer como o  apresentar um livro , pois é preciso ler o livro todo , construir uma narrativa desse livro ,etc.  , e é por isso que eu estou imensamente agradecido á Alice , que como sabem ela é uma referência  da nossa infância , e será com certeza  também dos nossos filhos , dos nossos netos e bisnetos, e por aí fora.
Quanto ao "Arquipélago" ,eu acho que é o livro certo , na  editora certa , na agência  certa , na geografia certa,e na idade certa. Ás vezes perguntam-me  se este livro é sobre a minha vida no campo , sobre os meus (in)felizes passos como agricultor . é tudo isso ,mas sobretudo um livro  sobre os Açores . A Terceira , e a Alice provou  ,de uma maneira que eu não consigo descrever , que é um livro sobre a identidade dos Açores e em particular da Ilha Terceira  que creio eu é a principal personagem do romance.
 
 
O autor dissertou depois sobre a gastronomia (rica)  no arquipélago, e o ser (ou querer ser ) agricultor naquelas bandas ao ponto de cavar e construir uma horta, e no outono ela já estava ali, perfeita , direitinha, e fiz algumas fotos. No dia seguinte voltei ,fui namorar a horta,  mas as culturas tinham desaparecido. Pensei, foram os coelhos. Cultivei novamente, e  no dia a seguir,aconteceu o mesmo. e foi acontecendo cada vez que eu fazia novas culturas. Todos  os dias a acontecer o mesmo, levou a que perguntasse aos mais velhos da terra qual era a solução perante os coelhos. É claro que alguns deles sugeriram...a tiro ! outros ,com veneno ou com laço , o que é proibido.
 
 
Mas preferi antes, um remédio ecológico que consiste em pintar as pedras de basalto com cal branca e descansei. No dia seguinte fui novamente namorar a minha horta e verifiquei  que os coelhos tinham feito a asneira do costume.
 
 
Lembrei-me então de pulverizar  todas as culturas da minha horta , e fui dormir em paz. No dia seguinte, vi que  os coelhos tinham devorado  o que eu plantei. Ainda cheguei a usar cabelo humano  em volta da horta , mas não resultou. 
 
 
Como não via mais solução para o problema , mandei construir um muro, primeiro com 3 metros de altura ,que não resultou , depois um pouco mais alto , que não deu em nada , mais alto ainda , disse aos operários que ergueram o  que eu pensava que seria intransponível para os coelhos.
 
Só depois  é que descobri que os "ladrões" não eram os coelhos ,mas sim os pombos .
 
 
Foi  o " EXTASE "  total  na sala !
 
 
                                                                                                                                                                                                         texto e fotos.  José Carlos Pinto
 
 
 
 
Conversando com Joel Neto
 
 

AMMAGAZINE (AMMA) : - O que o levou a escrever " Arquipélago" ?

 

Joel Neto (JN) - O livro tem muitas motivações  diferentes. o meu primeiro intuito foi visitar as minhas memórias mais remotas e encontrar nelas algo  que fosse  redentor para mim próprio  e também redentor para os leitores. Essa é a decisão  á partida, e depois o livro é o que acontece, apesar disso , e até acho que o livro acabou por se transformar num objecto diferente daquilo que eu pensei à partida, o que significa que ele ganhou vida própria, que me parece que é um bom sinal.

 

O que prefere escrever: um texto ficcional ou real ?

 

Eu prefiro contar histórias ,mas quando escrevo ficionado uso a realidade , e quando escreve a realidade uso a ficção, por isso nunca fui bom jornalista ,nunca fui bom a dar notícias nem a fazer entrevistas. Era melhor na reportagem onde se utiliza algumas técnicas da ficção e na crónica onde posso misturar as coisas à minha vontade, ninguém me julga por causa disso.

 

Depois de tantos anos a viver em Lisboa, regressa ao seu mundo açoriano. Gosta e precisa de ouvir o silêncio ?

 

Sim. Eu preciso muito do silêncio , gosto muito do silêncio , Os Açores dão-me muito mais silêncio que Lisboa , mas mesmo assim eu ainda preciso de um pouquinho mais de silêncio. Dou-lhe um exemplo: nós (eu e a minha mulher) estamos há anos a pensar ir de férias e não conseguimos até agora , e decidimos ir de férias para o ...campo.

 

Em determinada altura deste livro, existe a seguinte frase:Não vale a pena fotografar, disse Violeta. Aqui as fotos nunca ficam boas! É por essa razão que o seu  livro  não tem fotos a ilustrar o texto ?

 

Não, não.  É sobretudo porque se trata de um romance, mas podia ter. No entanto prefiro que os leitores tirem a sua própria fotografia mental a partir das palavras que lá estão.

 

Segundo me parece , costuma escrever os livros ao som de música clássica? É a sua fonte de inspiração ?

 

Não. É só uma fonte de repouso , mas não só música clássica. Eu antes não escrevia ao  som de nada , porque não conseguia , porque a escrita é um exercício musical ,e outra música complicava a minha melodia, mas agora consigo e não só a ouvir música clássica  de Chopin , mas também John Cale, não é Rock , mas é contemporânea.

 

Continuando a usufruir do "ARQUIPÉLAGO", o texto dá-nos a saber que a Luísa, O José Artur e o filho foram almoçar ao Cabrinha as famosas Sopas do Espírito Santo. Eu pergunto: A cozinheira adicionou um caldo Knorr ? Será a cereja em cima do bolo ?  *(a)

 

Não . Aquela cozinheira não juntou o caldo knorr. Eu junto porque faço batota. Mas eu faço batota em tudo , não é só  na culinária ( risos)

 

Não sente ainda nostalgia pelas suas críticas de televisão e também sobre ementas em restaurantes portugueses

 

Sobre televisão,zero. nenhuma nostalgia. Nos restaurantes tenho algumas saudades de comer em alguns bons restaurantes. Como agora não tenho essa obrigatoriedade,  ás vezes como mal ou rapidamente, o que vai dar no mesmo.

 

Com aquela  fila enorme para autografar os livros, não vamos ter amanhã  a "Vida no Campo"

 

Vamos ter de certeza ! Eu já escrevi a minha crónica de amanhã ,hoje ,de manhã !

 

 

José Carlos Pinto

*(a) Sugestão da cozinheira, a partir de um artigo de Joel Neto, publicada no Diário de Notícias  na crónica habitual " Vida no Campo" 

 

 

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