O piloto de Portalegre Mário Simão #71 regressou, com a sua Yamaha R1 na Copa Motoval, às pistas a meio da época devido ao aparatoso acidente na época de 2023 ao entrar na recta da meta do Circuito do Estoril.
Felizmente ficou bem fisicamente, contudo a mota teve que levar um grande arranjo e muitos testes, tudo realizado e coordenado pelo dono da equipa CRT Racing, seu director técnico e responsável pela mecânica da equipa, o Rúben.
O impacto deste género num piloto de competição é muito grande, quando o equipamento que dele depende fica muito danificado.
Mário Simão não se resigna, mesmo sabendo que não vai lutar para lugares competitivos na tabela de classificações, mas de cabeça erguida, com o apoio de Rúben e da família, mesmo a mais pequenina que ainda não tem um ano, já vai ver o pai a alinhar com os outros pilotos, e as mensagens e apoio dos seus patrocinadores, amigos e seguidores.
AMMA: Como se sente, agora que terminou a época, mesmo correndo metade dela? Foi uma boa decisão voltar às pistas mesmo com estas condições?
Mário Simão: Sinto-me bem. Foi a melhor decisão que posso ter tomado. Não podia estar mais tempo parado e além disso tínhamos que testar a mota para saber se estava nas devidas condições para podermos competir.
AMMA: Teve oportunidade de testar a mota, toda afinada pelo Rúben, tanto no Estoril como em Portimão. Acha uma mais valia ter apostado em ambos os circuitos tendo eles especificidades muito diferentes?
MS: Foi sem dúvida uma mais valia. O facto de ter ido a prova de Portimão, também me ajudou a desbloquear um bocado a cabeça do circuito do Estoril e viemos a confirmar isso com um excelente 4° lugar da classe na última corrida do campeonato no Estoril.
AMMA: Qual é o mais desafiante e duro tanto para o piloto como para a moto?
MS: Sem dúvida que Portimão é o mais desafiante. Um circuito muito mais técnico e que exige bastante da capacidade física do piloto.
AMMA: Houve também um ajuste na composição das provas com mais categorias em pista, algo que ainda não tinha passado por isso. Competir ao lado dos pilotos da “classe raínha” é defasiante ou por vezes desgastante por estar sempre a tentar perceber quando vai ou não, ser ultrapassado por um piloto de outra classe?
MS: Não acho que seja desgastante. Acho mais desafiante. Acaba por ser um desafio às nossas capacidades físicas e mentais. Tentarmos a todo o custo estarmos quase ao mesmo nível da classe rainha. Não posso dizer que correu muito mal, pois na corrida de Sábado, consegui ficar a frente do último piloto dessa classe. Portanto, é sinal que voltamos a luta e vou dar mais de mim para a época 2025.
AMMA: Há patrocinadores a reduzir os apoios em geral. Que futuro poderemos ter no motociclismo quando a isso?
MS: Muito sinceramente, em questão de patrocínios para esta modalidade em Portugal, não vejo muito futuro para nós pilotos. Ou andamos nos para a frente ou qualquer dia não existem pilotos no campeonato.
AMMA: Os seus patrocinadores de modo geral mantêm-se fiéis acreditando na sua prestação e esforço que demonstra em pista?
MS: Sim. Continuaram comigo e sempre me deram muita força para o meu regresso. O que só posso agradecer o voto de confiança da parte deles. Não foi a melhor época é claro, visto que só fiz as últimas 3 provas, mas mesmo assim consegui uma boa pontuação e acabar o campeonato no 7° lugar.
AMMA: Estas três provas são um prólogo para a próxima época?
MS: Sem dúvida que sim. A forma física e mental estão de volta. Senti-me muito bem com a mota nesta última prova, o que tudo indica que estaremos bem para a próxima época.
AMMA: Trás a sua família consigo para as provas, incluindo a bebé. Acha que daqui a uns anos ela queira seguir os passos do pai e ir para a pista? Sentiria-se seguro com essa decisão caso se vier a concretizar?
MS: Não vou forçar nenhum filho a ter que gostar de motas, mas claro que ficava orgulhoso se algum seguisse os passos do pai. Sejam qual forem as escolhas deles, lá estaremos para apoiar e dar força e caso algum siga pelo motociclismo, vou-me sentir seguro, sim. Tenho mais medo que andem nas estradas do que na competição.
AMMA: Que mensagem para os mais novos e aos seus patrocinadores sobre a sua resiliência em estar um ano parado, voltar às pistas sabendo que não tem pontos para ser competitvo, mas não quer deixar as pistas?
MS: Aos patrocinadores, deixar o meu maior agradecimento por terem estado sempre do meu lado e darem-me força para o meu regresso e continuarem a acreditar em mim, para os mais novos, se gostam realmente do que fazem, nao desistam, nao deixem que seja uma queda ou um mau resultado a tirar-vos o vosso sonho. São vocês que são o futuro do motociclismo e levem isso na cabeça sempre que entrarem em pista. Dêem o melhor de vocês e os resultados iram aparecer garantidamente.
Patrocinadores:
AutoEspinha
Restaurante Cantinho do Pica-pau
Gabriel & Sílvia Frutas
Grupo Motard Novo Milénio
Crazy Bike Pataneco
JF Graphic Design
L Moto
Restaurante O Sobreiro
BR Bruno Rosa
MS Competicion
AMMA Magazine
Texto: Pedro MF Mestre
Fotos: Kezman Ferreira