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Realizou-se hoje, 24 de Maio de 2015, o Trail do Monte Florido, com partida e chegada a Santo Antão do Tojal, percorrendo serras e estradas saloias.
Prova com organização a cargo do Terras de Aventura , e apoio de entidades locais, nomeadamente a União de Freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal e também da Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada.
A prova decorreu de forma razoável e poderia ter decorrido de forma exemplar se umas determinadas nódoas, facilmente evitáveis e que já não deveriam cair num pano de uma organização experiente como o é a Terras de Aventura.
Inscrevi-me para o Trail Longo, à taxa mais baixa de valor de inscrição e paguei EUR 9,00.
Prometiam um Trail de sensivelmente 20 km, outro de 10 km e uma Caminhada.
A prova é naquela que posso chamar a minha terra, pois é a terra de meus pais e avós e onde cresci até aos 6 anos de idade e de onde tenho muitas memórias e histórias.
Confesso que acarinhei de imediato a iniciativa e todos os esforços fiz para a sua divulgação e angariação de participantes.
A entrega de dorsais estaria prevista, para além do próprio dia da prova, também para a véspera, o que facilitaria a vida à organização e aos atletas, mas depois de hora e meia da abertura do secretariado na véspera, os dorsais ainda não tinham chegado.
Restou-nos dar a viagem como perdida, assim como a nossa intenção de facilitar o trabalho da organização para além de nosso próprio comodismo, e guardar a tarefa para o dia da prova.
Assim, no dia da prova, lá estávamos no local anunciado para a entrega do dorsais (Palácio dos Arcebispos) mas espantosamente o local estava deserto e não voltássemos à Junta de Freguesia e até esta hora estaríamos a aguardar os dorsais no local anunciado.
Dorsais levantados, com fila considerável e acabou por não se verificar qualquer controlo de partida para os atletas, conforme estava anunciado para as 9:00hrs, e não se cumpriu qualquer horário de partida anunciado.
Partida dada e encontra-se um percurso muito bem marcado com fitas e setas no chão.
Há mais asfalto do que eu gostaria mas as serras preenchem perfeitamente o espírito do Trail.
Há vários membros da organização pelo caminho, a dar indicações, conselhos e ânimo, assim como bombeiros e um óptimo policiamento nos pontos em que tínhamos de atravessar estradas, pelo que considero a prova bastante segura em relação ao trânsito, considerando que eram vários os contactos com o tráfego.
A prova era gerida em modo de semi-auto-suficiência, havendo no entanto anunciados 2 postos de abastecimentos líquidos para o Trail Longo. Se o primeiro estava impecável, com água a copo, podendo-se repetir, já o segundo surpreendeu positivamente pelas saborosas laranjas, mas negativamente pela ausência de água, para alguns atletas da cauda da Corrida. Foi-nos dito que já aí vinha, e veio em um minuto para mim que tinha chegado há pouco e sou uma rapariga de sorte. Outros houve que viram a água por um canudo e das duas uma: ou se sentavam num pedra à sombra à espera da água ou seguiam. E alguns seguiram. Sem a prometida e anunciada água. Mas com laranjas!
Membros da organização sempre presentes em vários pontos. Sempre as marcações excelentes, mesmo para atletas que se viram sozinhos na serra e distraídos como eu, não tinham grandes hipóteses de se perder.
É-me oferecida água mais à frente, num não anunciado e provavelmente improvisado posto de abastecimento, o que muito agradeci, embora tenha sido umas das que apanhou água na reposição da mesma no 2º posto.
Até me reabasteceram a minha própria garrafa, num gesto de cuidado e atenção, o que muito apreciei e agradeço àqueles bombeiros e membros da organização.
O calor é imenso, apesar da brisa do alto da serra. A paisagem é espectacular e a vista esplêndida sobre o vale do Tejo.
Há estradões soalheiros, caminhos e trilhos sob a sombras das árvores, pedras e verde, muito verde. Muitas flores a darem o nome ao Trail: Florido. Palha e ervas. E depois demasiado asfalto. Preferia bastante menos. Ainda assim é um Trail bonito. A repetir, em Corrida ou em treino, que descobri com esta prova.
A aqueduto, um chafariz e os tanques públicos, onde a minha avó tanta roupa lavou abrem-nos o caminho para a meta.
A meta, de novo no largo do belíssimo Palácio dos Arcebispos, de onde também tinha sido dada a partida, aguarda-nos.
Meta cortada, e de novo uma mesa com belíssimas laranjas e diversos bolinhos. Onde têm a água? Pergunto ansiosa e sequiosa (é que eu meto muita água), mas a resposta é seca e curta: não temos, acabou-se.
Resta-me o meu próprio abastecimento que tinha no carro que por sorte estava próximo. E a situação salvou-se para o meu lado.
Água. Água num Trail que teve mais de 22 Km, (quando eram anunciados 20), no mês de Maio, não pode ter falta de água. Nem mesmo quando a prova é em semi autosuficiência, os abastecimentos de água anunciados, assim como no final, simplesmente não podem falhar. E a organização falhou. Apesar da boa vontade e cooperação de bombeiros e diversos elementos da organização pelo caminho. Esta falha não podia ter acontecido. Mas aconteceu. Uma nódoa que era escusada e que manchou este Trail na minha terra.
Os prémios de presença foram uma t-shirt "técnica" e ironicamente um bidão para água, que nos foi dado junto com o dorsal. Não faltaram os necessários alfinetes, nem os banhos no final, no Pavilhão Desportivo cá da terra.
Prémios para os primeiros da geral e por escalão: medalhas e troféus.
Gostei do Trail, mas esta conversa da água teria sido tão facilmente evitável...e é pena.
Ana Pereira