São muitas as razões pelas quais se adere à prática de exercício físico regular, mas, são mais ainda as razões pelas quais o exercício é posto de parte. Num estudo publicado em Novembro de 2004, nos países da União Europeia, com a denominação de “The citizens of the European Union and sport”, foram apontadas várias razões, tanto para a adesão como para a não prática de actividade física regular. Da amostra, 50% dos Portugueses afirma que a principal razão para não fazer exercício é a falta de tempo. Curiosamente, a mesma amostra responde que a principal razão pela qual se deve praticar actividade física é a melhoria da saúde (tanto física como mental).
A actividade física regular deve ser encarada como uma necessidade tão importante como comer, beber ou dormir.
Arranjamos sempre tempo para a ver TV, passar horas no computador (a jogar ou na Internet), nos cafés com os amigos, enfim tantas outras coisas. São motivos importantes, é verdade, mas não são mais importantes do que dar maior atenção ao corpo. É tudo uma questão de gestão do tempo e de posicionamento do exercício físico num patamar de importância superior nas nossas actividades diárias.
A realidade é que na maioria das vezes aderimos à prática regular de exercício físico por motivos extrínsecos (exteriores a nós). A perda de peso ou a perda de gordura localizada é um dos motivos mais apontados para a adesão ao exercício físico regular. É um bom motivo, mas o que acontece é que os aspectos estéticos superam os relacionados com a saúde e bem-estar. Os estereótipos sociais e culturais levam muitas vezes as pessoas a abordar o problema da forma errada e a definir metas irrealistas.
Os corpos são todos diferentes e como tal reagem de maneira diferente ao exercício ou à falta do mesmo.
Seja como for o excesso de peso é um bom motivo para começar a praticar exercício físico. Isto porque o excesso de peso e a obesidade são um problema de saúde pública nos países desenvolvidos e constitui também um problema com repercussões do ponto de vista físico, psicológico, social e económico.
Existem diversos instrumentos de qualificação, que podemos facilmente utilizar, para aferir o risco para a saúde associado ao peso.
O IMC (índice de massa corporal) relaciona o peso com a altura na seguinte fórmula:
IMC = Peso/Altura 2 (Ex: 75kg /(1,72m)2 = 25,35 kg/m2)
Os valores de classificação do IMC podem ser verificados na tabela.
O IMC pode e deve ser relacionado com valores de outros instrumentos de qualificação, pois por si só pode induzir em erro (Ex: um culturista apresenta um valor de IMC elevado mesmo sem ser obeso).
O Perímetro da Cintura (PC) é outro instrumento de qualificação simples e que fornece indicação sobre a gordura depositada na região da barriga, que se sabe estar intimamente relacionada com a morbilidade associada à obesidade. O excesso de peso é perigoso, mas esse perigo é exponencialmente aumentado com a gordura concentrada na região abdominal. O PC é medido, em centímetros, tendo como referência o umbigo e o bordo superior da crista ilíaca (anca). Um sinal de alerta se possuir um PC superior a 102 cm ou 88 cm, se for homem ou mulher respectivamente.
Podemos cruzar os valores do IMC e do PC e estimar o grau de risco associado para a saúde (ver tabela).
Estes dois indicadores, o IMC e o PC, permitem de uma forma simples ter uma noção da composição corporal e saber qual o risco de desenvolver diabetes tipo II, hiperlípidemias ou hipertensão.
Isto tudo para voltarmos a tocar na mesma tecla. O exercício físico regular pode ajudar a controlar e a melhorar todos os aspectos referidos relativos ao excesso de peso.
Se têm dúvidas fale com o seu médico.
Não deixe para amanhã o exercício que pode fazer hoje!
Classificação do risco de doença com base no IMC e PC
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Risco de doença (1) relativa a peso e circunferência da cintura normais (2)
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Perímetro da cintura (PC)
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Homem <= 102cm
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Homem> 102cm
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IMC(kg/m2)
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Mulher <= 88cm
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Mulher> 88cm
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MAGREZA
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<18,5
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----------------------
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Grau de risco
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NORMAL (3)
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18,5 - 24,9
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(Pode ser aumentado)
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EXCESSO DE PESO
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25,0 - 29,9
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Aumentado
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Alto
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OBESIDADE GRAU I
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30,0 - 34,9
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Alto
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Muito Alto
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OBESIDADE GRAU II
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35,0 - 39,9
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Muito Alto
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Muito Alto
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OBESIDADE GRAU III
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> 40,0
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Extremamente alto
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Extremamente alto
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(1) Risco de doença para diabetes tipo II, hipertensão e doença cardiovascular. O tracejado indica que não existe risco aumentado para os valores de IMC assinalados.
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(2) Um valor neutral relativo ao sexo para uma circunferência de cintura maior que 100cm também foi sugerido como indicador de obesidade.
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(3) Um perímetro da cintura aumentado também pode ser considerada como um indicador de risco aumentado mesmo em indivíduos com peso normal.
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Referências:
· ACSM (2000). ACSM`s Guidelines for Exercise Testing and Prescription – 6th edition, Baltimore: Lippincott Williams and Wilkins.
· Tavares, C., Raposo, F., Marques, R. (2005). Prescrição de exercício em health club. Cacém: Manz.
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