Parece que há cada vez mais adeptos da actividade física, se considerarmos o aumento do número de espaços dedicados à prática de exercício e o número de pessoas que observamos na rua a realizar as suas sessões de caminhada, jogging ou ciclismo. Creio que estamos cada vez mais conscientes que praticar exercício de forma regular é importante, diria mesmo obrigatório! Mesmo assim continuamos na cauda da Europa no que toca ao número de indivíduos activos e na dianteira no que toca ao número de cidadãos com excesso de peso e obesidade.
Muitos até iniciam um programa de treino com o intuito de o manter ao longo do tempo, mas poucos são aqueles que o mantêm de forma consistente. Falta de tempo, motivação, programa de exercício desajustado, podem ser algumas das razões apontadas para a desistência. Na minha opinião penso que será sobretudo a hierarquização desajustada das obrigações que deveríamos ter na nossa vida. Ainda não damos importância ao nosso corpo e aos sinais que este nos vai transmitindo. Preocupamo-nos com aspectos superficiais, como a estética, e negligenciamos na saúde (que deve ser mantida diariamente com um estilo de vida activa e saudável). Focamo-nos em demasia em motivações externas, estereotipadas e impostas por terceiros, que desaparecem facilmente.
Dos estudos disponibilizados e dos números das empresas dedicadas ao exercício, constatam-se alguns picos sazonais de adesão à prática de actividade física. O final das férias de verão, e os 3 ou 4 meses anteriores, são períodos de grande adesão. O problema é a taxa de desistência e a irregularidade da maior parte dos indivíduos que inicia um programa de exercício.
De acordo com o princípio da continuidade, da metodologia do treino, os momentos de exercício físico deverão ser mantidos ao longo das semanas e meses de forma regular e espaçada, sem que haja uma quebra prolongada. Essa quebra leva ao retrocesso das capacidades adquiridas. É por isso que ouvimos muitas pessoas dizerem “…eu já fiz aquilo quando era mais novo”. Pois acredite que poderia continuar a fazê-lo se não tivesse havido uma quebra nos seus hábitos de vida e de treino!
Com o controle de peso passa-se o mesmo. Concebemos os momentos de treino como fases e não os consideramos como um continuo ao longo dos meses, anos e da vida. Depois entramos em desespero e queremos obter resultados rapidamente, tentando desfazer em poucas semanas aquilo que foi acumulado ao longo dos meses e anos – A GORDURA. Recorremos a todo o tipo de métodos. Exageramos no volume e intensidade dos treinos, violando inconscientemente outro dos princípios do treino, o da sobrecarga progressiva. Este princípio diz-nos que o exercício só promove modificações se for executado com duração e intensidade suficiente para despoletar os consequentes processos de adaptação no organismo. Estas adaptações só se produzem quando as cargas de treino são superiores aos valores de equilíbrio do organismo, mas em intensidades adequadas e dentro dos limites de tolerância. São os pequenos aumentos, de forma continuada, de produzem resultados satisfatórios e duradouros.
Outro dos erros em que caímos frequentemente é achar que só um tipo de actividade física é suficiente. Associamos a actividade física para a melhoria da saúde ao exercício do tipo aérobio. A caminhada e a natação são os mais prescritos e realizados. Fazem muito bem, é verdade! … Mas não são suficientes. Inúmeras investigações científicas têm revelado os aspectos extremamente benéficos do treino da força e flexibilidade. Tal como no treino aeróbio, o treino de força também produz melhorias no sistema cardiovascular, no controle da pressão arterial, diabetes e concentração de gorduras no sangue. Além disso previne as más posturas e reequilibra o sistema músculo-esquelético, evitando o aparecimento de muitas lesões e patologias da coluna.
Eis algumas das recomendações de prestigiadas organizações quanto à prática de treino de força (musculação):
· ACSM (American College of Sport Medicine) – recomenda 1 a 2 séries de 8-15 repetições, 8 a 10 exercícios, 2x/semana no mínimo;
· Associação Americana de reabilitação cardiovascular e pulmonar – recomenda 1 a 2 séries de 12-15 repetições, 8 a 10 exercícios, 2x a 3x / semana;
· Associação cardíaca Americana - recomenda 1 a 2 séries de 8-15 repetições, 8 a 10 exercícios, 2x a 3x / semana.
Sabemos que praticar exercício físico de forma regular é importante, mas temos de perceber que não chega só fazer qualquer coisa, muito menos sempre a mesma coisa. Temos que variar os estímulos e as intensidades do exercício, continuadamente, de forma a beneficiar todo o organismo e a preservar e/ou melhorar a saúde…o nosso bem mais precioso!