O “cerimonial” de iniciação do “berdadeiro” teve a sua continuidade nos mapas do Palheirão, com mais duas provas de distância média e uma longa, sendo que esta última pontuava para o WRE. Como vêem, tudo conjugado a preceito, para que o ingresso do “promissor” casal no GD4C ficasse gravado convenientemente (a curvas de nível de ouro). Só tenho pena de não terem marcado presença o Hubmann ou o Gueorgiou, para apadrinharem momento tão solene (seria uma mais-valia para as suas carreiras).
A quarta etapa, apresentou mais 4.300 metros para 16 controlos, num terreno predominantemente verde, que obrigava a uma autêntica gincana na descoberta (ou achamento?) das cotas, reentrâncias e limites de vegetação, que eram os elementos que mais caracterizavam este mapa, para além duma intrincada rede de aceiros, caminhos, trilhos, carreiros de tractor e afins.
O “berdadeiro”, vergado ao peso da responsabilidade, pressionado pela ansiedade e fazendo jus aos laços de sangue que o une ao “espécie”, mais uma vez não esteve ao melhor nível e foi castigado sem dó nem piedade pelo Albano e seus pares. Bem vistas as coisas, nem cometi assim grandes disparates, mas contra a desenvoltura dos craques, não possuo qualquer argumento que me valha. Basta-me uma ou duas hesitações e uma ou outra opção menos conseguida (como colar-me por breves instantes a um “british elite” com queda para a pastorícia) e levo logo que contar . O “espécie” já se tinha habituado à desgraça, quanto ao “berdadeiro”, vamos ver o seu poder de encaixe.
Ao quinto dia, finalmente uma prova oficial e logo a de maior importância. A fim de participarem nesta jornada de cariz internacional, compareceram mais quatrocentos atletas a juntar às três centenas (estafados que eu sei lá) que já percorriam as matas desde o início da semana. O meu escalão teve direito a sete quilómetros, numa zona contígua à do dia anterior, o que não me augurava grandes cometimentos, dado que a dificuldade técnica foi a tónica dominante (afinal o que se exige numa prova do ranking mundial).
Com a chegada de mais competidores, surgiram uns quantos para me complicarem a escrita (rapaziada que subiu de escalão...ou desceu?), senhores de capacidades físicas e técnicas acima da média, que no futuro não me vão dar grandes chances de alcançar pontuações significativas. Espera-me uma época de muito sacrifício e sofrimento, mas como sou considerado um tipo aguerrido (não pelo “World of O”, `tá-se mesmo a ver, hehe!), vou me mentalizar que tenho capacidade para dissipar as nuvens negras que se vislumbram no horizonte.
O resultado da prova longa, vem confirmar o que acabei de dizer. Um miserável percalço de confusão num aceiro, aliado a um emborcar de água no local errado (burrice com todas as letras, no seguimento de um azimute “marado”), prejudicou-me o tempo final numa dezena de minutos, o suficiente para me dar uma medíocre pontuação, não obstante me ter posicionado classificatoriamente num lugar lisonjeiro (com a ajuda dum punhado de “nuestros hermanos mui tardios”). Uns a correr como desalmados, outros a arrastarem-se penosamente.
O programa de festas encerrava com mais um percurso traçado sobre distância média (4.000 metros), basicamente num mapa similar à longa, mas incidindo em áreas de baixo relevo de elevado recorte técnico, não deixando de prevalecer os embaraçosos tons de verde e uma profusão de clareiras, algumas resultantes de confusas zonas alagadiças completamente secas.
Inexplicavelmente (ou não), as partidas dos “anciãos” foram arremessadas quase para o pino do calor e foi sob a canícula das 11.15, que o “berdadeiro”, perfeitamente desgastado pelas provas contínuas, prestes a afogar-se em suor e aflito com os “calores” (qual a novidade? estou na andropausa meus amigos!), meteu o pé directamente no movediço piso arenoso dum corta-fogo infernal (que bafo...só faltavam as chamas).
Controlei os dezasseis pontos, superiormente colocados (segundo os entendidos), ora denotando uma notável eficácia, ora atascando impotente, ao redor de vegetação chata, que me ia ocultando os “laranjinhas”, de tal modo me mordiam as sapatilhas e eu sem lhes pôr o chip em cima (quase perdi a paciência e o norte, com este jogo do rato e do gato).
Tenho plena consciência de que não efectuei uma prova brilhante, acumulei vários lapsos de análise aos verdes (percebo é de maduros, hehe), só que não desbaratei para os primeiros tanto tempo como o habitual, tendo arrancado uma pontuação positiva, que feitas as contas com rigor, se pode considerar a prestação mais equilibrada de toda a competição.
Decididamente este não foi o baptismo com que tinha sonhado. O despachar os pontos enquanto o diabo esfrega um olho, matando a sede em pontos-bar atafulhados de minis e alcandorar-me gloriosamente no degrau mais alto do pódio, não passaram de visões alucinadas dum “berdadeiro orientista”, que tanto almejava mostrar serviço ao seu novo clube e afinal não passou da cepa torta.
- “Ah berdadeiro! Nunca me enganaste! Muitas tristezas vais proporcionar aos novos companheiros!”