A Praia da Baía, em Espinho, prepara-se para ser a capital do Voleibol de Praia europeu, acolhendo de 17 a 20 de Julho as CEV Beach Volley Nations Cup 2025 (Taça das Nações). Pela primeira vez na história, Portugal recebe este prestigiado evento, que reúne as melhores duplas de oito países na disputa pelo título.
Portugal, que participa na qualidade de país anfitrião, está representado na competição masculina pelas duplas de elite nacional: os tricampeões João Pedrosa e Hugo Campos, e os vice-campeões, os irmãos Gonçalo e Tomás Sousa. Ambas as equipas procuram dar alegrias ao público que, espera-se, encherá as bancadas.
A competição, organizada pela Federação Portuguesa de Voleibol (FPV) em parceria com a Câmara Municipal de Espinho (CME), promete momentos de grande emoção.
“A Taça das Nações é uma prova importante e que vai ajudar a que as nossas equipas, do João Pedrosa e Hugo Campos, e dos irmãos Gonçalo e Tomás Sousa, consigam pontuar e ir subindo no ranking mundial”, destaca Vicente Araújo, Presidente da Federação Portuguesa de Voleibol (FPV).
“As provas internacionais de grande envergadura são sempre em Espinho e, mais uma vez, com o apoio da autarquia estamos seguros que vamos ter uma boa competição, uma boa prova com muito público, como é normal. Espinho é uma cidade de Voleibol e seguramente que vamos ter muita gente na Praia da Baía a ver os jogos desta final da Taça das Nações”, conclui.
Circuito Nacional serve de preparação
Para o Selecionador Nacional, Ricardo Rocha, a preparação tem sido rigorosa.
“Realizámos um planeamento cuidado para estarmos na melhor forma em todas as competições. Para a Nations Cup, tivemos mais tempo para preparar tudo, inclusive com o nosso preparador físico, e o facto de termos uma etapa do Circuito Nacional a decorrer agora na Praia da Baía serve de preparação crucial para o local onde vamos jogar“, afirmou.
Ricardo Rocha sublinhou ainda a importância de defrontar os melhores:
“Sabemos que estarão aqui os melhores países europeus, com as suas melhores duplas, e estamos preparados para enfrentar este desafio. Os nossos atletas já têm experiência a este nível e conhecem bem a maioria dos adversários do Circuito Mundial.”
A jogar em casa, o factor psicológico e o apoio do público serão trunfos importantes. Para João Pedrosa, natural de Espinho, a emoção de competir perante a sua família e amigos é única:
“Fico muito feliz por jogar em casa. São poucas as oportunidades que a minha família e amigos têm de nos ver jogar ao vivo, pois a maioria dos torneios é fora do nosso País. O apoio deles em campo poderá fazer a diferença.”
Hugo Campos partilha do optimismo, vendo na preparação local uma vantagem estratégica.
“O facto de estarmos a treinar e a disputar este fim-de-semana a etapa do Circuito Nacional na Praia da Baía pode dar-nos uma ligeira vantagem. Quem sabe, pode ser o que fará a diferença nos momentos decisivos. Sabemos que a competição é de alto nível, mas estamos a consolidar a nossa posição nesse nível e acredito que poderemos dar mais alegrias aos portugueses.”
Para os irmãos Gonçalo e Tomás Sousa, esta será a sua segunda experiência na Nations Cup, e chegam com uma “bagagem muito mais pesada“.
Vencedores da primeira etapa do Circuito Nacional, os jovens atletas sentem a evolução.
“No ano passado tínhamos apenas três ou quatro meses de Voleibol de Praia e esta competição foi um dos nossos primeiros torneios internacionais. Agora, temos um conjunto muito maior de provas internacionais e creio que estamos a atingir um bom nível, tanto física como taticamente. Vamos com tudo“, declarou Gonçalo Sousa.
Tomás Sousa expressou a sua gratidão por jogar em Espinho, o local onde se iniciou na modalidade, e garantiu que estão prontos para o desafio:
“É um privilégio ter um torneio desta dimensão em casa. Estamos preparadíssimos. Sabemos que o nível será elevado, mas vamos fazer com que o trabalho das melhores duplas seja mais difícil.”
O desafio de defrontar lendas
A competição promete ser um verdadeiro teste para as duplas portuguesas, que poderão vir a defrontar nomes lendários do Voleibol de Praia. O destaque vai para a formidável dupla norueguesa Anders Mol e Christian Sorum, os Beachvolley Vikings. Campeões olímpicos em Tóquio 2020, campeões mundiais em 2022 e vencedores de quatro títulos europeus consecutivos, são considerados os principais favoritos à vitória. O confronto com esta dupla será um teste-de-fogo para João Pedrosa e Hugo Campos, que voltarão a encontrá-los na Pool A do Campeonato da Europa de 2025, em Dusseldorf.
Com a presença de duplas de alto calibre e a motivação extra de jogar em casa, as equipas portuguesas estão determinadas a mostrar a sua força. O palco está montado para um espectáculo de Voleibol de Praia inesquecível na Praia da Baía.
Em femininos, o destaque vai para as alemãs Svenja Muller e Cinja Tillmann, campeãs europeias em título (Países Baixos 2024) e 9.ªas classificadas nos Jogos Olímpicos de Paris.
Os países e as duplas em competição
A competição contará com a participação de oito nações em cada género, representadas pelas suas melhores duplas.
No sector masculino, estarão em campo as seguintes duplas:
Portugal: João Pedrosa/Hugo Campos e Gonçalo Sousa/Tomás Sousa.
Noruega: Anders Berntsen Mol/Christian Sandlie Sorum e Hendrik Nikolai Mol/Mathias Berstsen
Dinamarca: Nicolai Hovmann Overgaard/Christian Lundby Andersen e Mads Mollgaard/Kristoffer Abell.
Espanha: Javier Huerta Pastor/Alejandro Huerta Pastor e Álvaro Viera Iglesias/Antonio Saucedo Amodeo.
França: Rémi Bassereau/Calvin Aye e Téo Rotar/Arnaud Gauthier-Rat.
Lituânia: Robert Juchnevic/Artur Vasiljev e Arnas Rumsevicius/Karolis Palubinskas.
Países Baixos: Stefan Boermans/Yorick de Groot e Alexander Brouwer/Steven van de Velde.
Áustria: Timo Hammarberg/Tim Berger e Julian Horl/Philipp Waller.
Em femininos, estarão em acção as duplas de:
Portugal: Gabriela Coelho/Mariana Maia e Vanessa Paquete/Raquel Lacerda.
Alemanha: Sandra Ittlinger/Anna-Lena Grune e Svenja Muller/Cinja Tillmann.
Espanha: Daniela Álvarez Mendoza/Tania Moreno Matveeva e Sofía González Racero/Ana Vergara.
Estónia: Heleene Hollas/Keira Liina Lukas e Eva Liisa Kuivonen/Liisa-Lotta Jurgenson.
França: Lézana Placette/Alexia Richard e Clémence Vieira/Aline Chamereau.
Lituânia: Monika Paulikiene/Aine Raupelyte e Ariana Rudkovskaja/Skalve Krizanauskaite.
Países Baixos: Mila Konink/Raisa Schoon e Emi van Driel/Wies Bekhuis.
Ucrânia: Valentyna Davidova/Anhelina Khmil e Maryna Hladun/Tetiana Lazarenko.
Formato da competição e histórico
A Taça das Nações apresenta um formato de competição singular que promove duelos entre países. Cada nação é representada por duas duplas, e os confrontos são disputados à melhor de três jogos. Caso seja necessário um desempate, um golden set de 15 pontos define o vencedor.
A CEV lançou a Taça das Nações Europeias em 2022, em Viena, Áustria, com a primeira edição a decorrer entre 2 e 7 de Agosto, envolvendo oito nações em cada género. Em 2023, a segunda edição ganhou ainda mais relevância ao servir como um dos caminhos para a qualificação para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, envolvendo duplas de 31 países.
Na edição inaugural, em Viena, a Noruega sagrou-se campeã em masculinos e a Suíça em femininos. Já na terceira edição, em 2024, realizada em Jurmala, Letónia, a França e os Países Baixos conquistaram os títulos em masculinos e femininos, respetivamente. Portugal alcançou um excelente 3.º lugar nos masculinos em 2024, ficando muito perto da qualificação olímpica.
Espinho: Um palco histórico para o Voleibol de Praia
A Federação Portuguesa de Voleibol possui um vasto historial na organização de eventos de Voleibol de Praia em Espinho. Desde a primeira edição do Espinho Open em 1995, Portugal já acolheu 25 provas de âmbito mundial (FIVB) e 6 de âmbito europeu (CEV) em masculinos, e 20 provas FIVB e 6 CEV em femininos.
Além das competições em Espinho, a FPV organizou diversos outros torneios internacionais em localidades como Cortegaça, Porto, Macedo de Cavaleiros, Porto Santo (Madeira) e Esposende. Em 2001, em Esposende, a dupla portuguesa José Pedrosa/José Teixeira fez história ao sagrar-se campeã europeia de Sub-23.