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Paixão a quanto obrigas

Parece que me deram uma sova! Tal e qual. Tenho o corpinho pronto para umas merecidas férias. O mais preocupante é que acabei de chegar das ditas. Devo padecer de um qualquer problema de esgotamento do foro “treinos a mais”.

Pois é meus amigos, depois de cinco semanas do mais puro descanso “dolce fare nienti”, resolvi retomar a minha actividade física e o resultado está à vista. “Que ninguém me toque!”, não vá eu ter um espasmo, uma convulsão, um desfalecimento, um espirro…eu sei lá.

A nova época está à porta e o “espécie” resolveu dar uma de atleta e tem feito uns treinitos, de acordo com o esquema que um amigalhaço da Psico-Motricidade (o que eu adoro este termo) lhe facultou. Mas de amigo este “profe” tem pouco. Quem obriga os amigos a passar por estes tormentos, de certeza só tem inimigos. Vou bani-lo da minha “agenda”. Vai passar a professor de ginástica e pronto! (espero que ele não conheça este site)

O recomeço é sempre duro e cada ano que passa a dificuldade vai sendo maior. O físico demora mais tempo a habituar-se às “tareias”, pelo menos é o que eu sinto. Se isto não for regra geral, podem-me rezar pela alma, porque do corpo estou arrumado.

Os treinos físicos já os iniciei há duas semanas (com as sensações que tenho, é como se tivesse começado ontem), mas a orientação obriga que a malta tenha preocupações de índole técnica, senão as canseiras (“pastorite”) vão ser redobradas mais adiante. Há uma grande dificuldade em conseguir parceiros para esse género de treinos, mas aparece sempre uma “alma caridosa” com uns mapas disponíveis e com a justificação de treino técnico, lá vamos nós com as lancheiras bem atestadas rumo a uma mata “perto de si”. Neste caso, a “arena” foi o Furadouro, local do POM97.

A hora de reunir estava marcada para as 9,30 de domingo, mas no momento da alvorada, cerca das oito da “matina”, estava uma trovoada de tal maneira instalada, que nem Santa Bárbara nos valia. Deduzi que o dito “piquenico-treino” estava fora de hipótese. Erro de avaliação, pois daí a pouco estava alguém a telefonar “Aonde é que vocês se encontram? Já estais atrasados. Está um tempo magnífico.” Mais um vexame para o “espécie”, só nós é que hesitamos, o resto do pessoal já se tinha instalado com armas e bagagens. Não é que a chuva amedronte o “espécie”, mas a trovoada é outra conversa.

Neste momento sei que devem estar a pensar “para quê fazer sacrifícios se não deixas de ser um espécie?”. Concordo…em parte. Se em termos técnicos, ainda continuo numa fase imberbe, no aspecto físico tenho de tentar minorar os prejuízos, quanto mais não seja, para me defender de alguma maleita que me impeça de continuar com esta paixão. E mesmo assim, as mazelas são mais que muitas, só que já não lhes dou grande importância, é uma “sã convivência”.

Os retardatários tiveram como penalização (acho que foi retaliação), efectuar o percurso sozinhos, que no nosso caso, fez-nos recuar ao tempo em que o par da espécie de orientista passeava a sua “classe” pelos escalões abertos. Ai, ai, que saudades (aqui justifica-se um “ganda” suspiro)!!!
Claro que para o casal da “espécie”, o castigo traduziu-se num passeio de mãos dadas pela floresta, sentindo o aconchego dos raios de sol que espreitavam por entre a ramagem, a escutar a passarada, a deliciar-nos com aquele aroma a terra húmida, a apanhar umas pinhas, a…peço desculpa estava a sonhar.

Foram noventa minutos bem intensos, dado que os mapas só tinham a matriz dos pontos, o que nos obrigou a “inventar” o nosso percurso (mais de vinte pontos). E não houve qualquer poupança, foi correr até cair para o lado, que é como quem diz, para o lado da malta que nos aguardava ansiosamente para dar início à parte mais “complicada” do treino: o verdadeiro piquenique lusitano.

Bom, não havia sardinhas, nem fêveras, nem broa, nem azeitonas, nem frango assado, nem melão, nem…ah! Mas havia garrafão…só que do “luso”. Se querem saber a nossa ementa, tivessem lá ido, seus curiosos, mas não se esqueçam, que para além de nós, os restantes são orientistas a sério e por conseguinte têm muito cuidado com a sua dieta (podem-me chamar de mentiroso que eu deixo).

Diz a sabedoria popular que “depois da tempestade, vem a bonança”. Após uma noite de temporal, o dia esteve simplesmente espectacular. Então depois do repasto (aquele arroz de polvo…), deu cá uma moleza, que só faltou a bela rede “espreguiçadeira”e alguém que a abanasse. Dando continuidade ao plano de treino, aproveitou-se a hora do café para se discutir acaloradamente algumas questões técnicas, mas…gastronómicas. Qual orientação qual quê!!!

Nestes grupos existem sempre os “desmancha-prazeres”, porque no auge do remanso – “são horas do treino da tarde!!!” – ouviu-se gritar. De imediato o “engraçadinho” teve de fugir perseguido por uma chuva de pinhas. Ainda tentou emendar - “é para ganharmos apetite para o lanche” - mas o mal estava feito, se bem que esta última tirada tivesse tido o condão de elevar a moral do grupo.

A sessão da tarde foi realizada em ritmo de passeio, de cariz teórico-prático, tendo nós o privilégio de termos sido acompanhados por um dos maiores conhecedores da modalidade, que nos foi dando algumas explicações sobre pormenores de relevo (do baixinho), que bem úteis irão ser no futuro. Fizemos menos pontos, mas foram escolhidos a dedo, porque eram os mais técnicos do mapa. Enfim, mais hora e meia de aquecimento para “controlarmos” as imensas sobras do almoço. Nem queiram saber o esforço que foi desenvolvido para levarmos esta “pernada” até ao final (hehe).

Com certeza já notaram que não mencionei os meus companheiros desta bela jornada. Foi propositado. Eles não querem que se saiba que andam a treinar (regime incógnito!), não vá chegarem às provas e “atascarem” e depois seria o gozo geral. Fica a dar a cara o”espécie”, que assim como assim tem as costas largas e carta branca para cometer todas as argoladas técnicas, que ninguém vai fazer qualquer reparo. 

Periodicidade Diária

sexta-feira, 29 de março de 2024 – 07:47:32

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