A Parques de Sintra acaba de inaugurar a charca naturalizada do Parque da Pena, o seu mais recente investimento na salvaguarda e gestão eficiente da água não potável que provém da Serra de Sintra, área na qual já investiu mais de meio milhão de euros ao longo dos últimos três anos. O espelho de água com 1006m2, 2m de profundidade e capacidade para armazenar 2600m3 valoriza este jardim histórico e constitui um novo habitat aquático, contribuindo para aumentar a resiliência do Parque da Pena face aos efeitos das alterações climáticas.
Durante a inauguração, que teve lugar na passada sexta-feira, 12 de abril, Luís Calaim, administrador da Parques de Sintra sublinhou: “no âmbito da nossa missão, o projeto de implementação da charca naturalizada cumpre, simultaneamente, três objetivos: a reserva de água para combate a incêndios florestais na Serra de Sintra; o armazenamento de água para rega dos jardins, evitando o recurso a água potável; e a criação de um habitat aquático naturalizado, que valoriza a paisagem e promove a conservação da natureza e a biodiversidade. Trata-se de um investimento, a rondar os 128 mil euros, que vai potenciar a gestão racional e sustentável deste recurso natural.”
Luís Calaim realçou, ainda, que a charca naturalizada do Parque da Pena faz parte de um projeto global em curso nos parques e jardins históricos geridos pela Parques de Sintra com o objetivo de aumentar a sua resiliência num contexto de alterações climáticas. “Está a decorrer a execução faseada de vários projetos de recuperação de sistemas de água tradicionais em diversas propriedades, como o Parque da Pena e a Tapada de Monserrate, que visam repor água não potável de forma eficiente em todos os pontos de armazenamento existentes e recuperar os elementos de água com função decorativa. Nos últimos três anos, concretizámos mais de meio milhão de euros em intervenções que visam a salvaguarda, gestão e uso eficiente da água não potável que é produzida na Serra de Sintra. Um investimento que vai continuar em 2024, designadamente, com a avaliação global do estado das águas não potáveis da Serra, através da definição de uma estratégia para a Gestão de Recursos Hídricos de todas as propriedades geridas pela Parques de Sintra inseridas na Paisagem Cultural de Sintra, que correspondem a cerca de 946 hectares”, concluiu.
Tendo em vista a proteção da natureza e da biodiversidade, a charca naturalizada do Parque da Pena contemplou a criação de um habitat aquático, com espécies de flora ̶ foram plantados 2947 exemplares de plantas de 35 espécies botânicas aquáticas e 1500 de plantas terrestres autóctones ̶ e de fauna, registando-se já a presença de anfíbios, como tritões marmoreados, rãs e salamandras. A forma do espelho da água e as margens onduladas, conferem-lhe um aspeto mais orgânico e natural.
Equipada com uma plataforma em deck que funciona como observatório da vida aquática, a charca desempenhará um papel importante na sensibilização ambiental dos visitantes do Parque da Pena. Inclui, ainda, zonas de depuração de água exclusivamente por processos biológicos e mecânicos, tal como ocorre na natureza, utilizando serviços ecossistémicos, que são uma solução bio-baseada (nature based solution).
O sistema de tratamento de água baseia-se, assim, na aquacultura, na bio-filtração por zooplâncton e na oxigenação da água por meio de espécies vegetais submersas e terrestres. As margens com plantas funcionam como filtro passivo de plantas.
Os convidados presentes na inauguração, que contou com o Diretor Regional da Conservação da Natureza e das Florestas de Lisboa e Vale do Tejo, Rui Pombo, tiveram oportunidade de conhecer as características da charca naturalizada do Parque da Pena durante uma visita guiada conduzida por Elsa Isidro, arquiteta paisagista da Parques de Sintra.