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- Frederico Silva e Francisco Rocha eliminados na estreia
- Francisco Cabral segue irmãos Silva com vitória no quadro de pares
Pedro Araújo seguiu os passos de Henrique Rocha e inscreveu o nome na segunda ronda do Maia Open, que esta quarta-feira também contou com uma vitória de Francisco Cabral, mas em pares. O torneio ATP Challenger 100 é organizado pela Federação Portuguesa de Ténis e pela Câmara Municipal da Maia e decorre até 1 de dezembro no Complexo Municipal de Ténis da Maia.
Após uma boa quinzena no piso rápido de Vale do Lobo, onde atingiu a maior final de singulares da carreira e conquistou um título de pares em duas decisões, Pedro Araújo (433.º ATP) fez uma boa transição para a terra batida da Maia e voltou a ser feliz num quadro principal do ATP Challenger Tour dois anos e meio depois.
O lisboeta de 22 anos venceu os últimos 11 jogos do encontro com o qualifier espanhol Alex Marti Pujolras (341.º) para triunfar ao cabo de 91 minutos com os parciais de 7-5 e 6-0.
A vitória desta quarta-feira foi a quarta de Pedro Araújo em quadros principais de torneios do circuito secundário e a primeira desde o Oeiras Open 4 de 2022, além da primeira acima da categoria 80.
O pupilo de Frederico Marques e Filipe Brandão superou um início tremido, no qual cedeu por três vezes o serviço em quatro jogos, e recuperou de uma desvantagem de 2-5 com dois breaks. Mais agressivo, em especial na pancada de direita, Araújo foi forçando os erros do tenista de 25 anos, que chegou a ser assistido à zona lombar durante o segundo parcial, e utilizou bem o amortie para sobressair nalgumas trocas de bolas mais prolongadas e terminar o duelo a muito bom nível.
"O nível dele até ao 5-2 foi bastante elevado, não estava propriamente chateado com o jogo que estava a fazer. Mas sem dúvida que nesse momento consegui dar um clique e subi de forma significativa o meu nível. Ele sentiu isso e acusou um bocadinho o momento na reta decisiva”, explicou antes de admitir que este é o momento em que se sente mais confiança desde que abraçou o profissionalismo.
"A confiança no ténis é uma coisa perigosa porque tanto vai como volta, portanto tenho de manter os pés bem assentes na terra. Às vezes um dia menos bom ou uma semana menos boa deita tudo isso a perder e obviamente não quero isso”, rematou um dos tenistas portugueses do momento.
O adversário de Pedro Araújo na segunda ronda será Andrej Martin, também qualifier, mas outrora um top 100 (93.º) — atualmente está no 509.º lugar depois de dois anos afastado dos courts devido a uma suspensão por doping.
O eslovaco de 35 anos foi o responsável pelo afastamento de Francisco Rocha (703.º) logo de manhã ao vencer o jogador da casa por 6-3 e 6-2 num encontro resolvido em 64 minutos.
Um ano depois de ter assinado a primeira vitória individual da carreira em torneios Challenger no quadro principal do “seu” Maia Open, o mais velho dos irmãos Rocha só amealhou 18 dos 42 pontos jogados com o próprio serviço e ficou à mercês do maior poderio desde o fundo do court por parte do duplo semifinalista do Maia Open em 2021.
"Tenho de admitir que ele está num patamar acima, o nível dele é muito acima deste e há que dar-lhe mérito porque foi realmente melhor do que eu", disse sem hesitar depois de concluir aquele que também sem precisar de pensar classificou como o melhor ano da ainda curta carreira: “Não posso dizer que foi uma má época, ganhei 200 lugares [no ranking] portanto foi uma época positiva. É claro que há coisas a melhorar, mas foi a minha primeira verdadeira época competitiva em termos de jogar torneios durante um ano completo, porque nem quando era sub 16 ou sub 18 tinha este tipo de experiência. Houve muitas aprendizagens."
Bem mais perto de seguir para a segunda ronda esteve Frederico Silva (336.º). Em grande plano nos últimos meses, o caldense de 29 anos chegou a servir para aquela que seria a melhor vitória desde novembro de 2021, mas viu Damir Dzumhur (106.º) prevalecer com os parciais de 2-6, 6-2 e 7-6(5) após 2h28.
Campeão na primeira semana da quinzena em Vale do Lobo e finalista na segunda, o também campeão nacional absoluto (chegou, por isso, com três finais seguidas à Maia) apareceu na ronda inaugural do derradeiro torneio de 2024 com legítimas aspirações de contrariar o terceiro cabeça de série, até porque tinha um frente a frente (2-0) imbatível com o tenista da Bósnia e Herzegovina.
Não só o primeiro parcial confirmou o ascendente, como sobretudo o terceiro set chegou a marcar 5-2 para o atual número cinco nacional. Mas um jogo repleto de erros não forçados a servir para o encontro e uma reta final mal conseguida – também com algum azar à mistura em dois pontos de Dzumhur que resvalaram na linha – viraram a balança para o lado do mais cotado.
"Foi mesmo por muito pouco. De forma geral fiz um bom encontro, entrei bem e joguei a um bom nível no primeiro set. Anulei o serviço dele e comandei os pontos com a direita. No segundo set ele reagiu, fez alguns amorties para me tirar da zona de conforto, foi mais agressivo e não tive grandes hipóteses, mas reagi bem no terceiro e tive tudo para vencer", reconheceu na derradeira conferência de imprensa de uma época em que ultrapassou as 50 vitórias e conquistou três títulos ITF M25 em cinco finais.
Tal como em singulares, também em pares houve apenas uma vitória lusa no decorrer desta quarta-feira — e surgiu no encontro que colocou frente a frente dois compatriotas.
Na parte da manhã, Francisco Cabral (79.º) sorriu por último contra Tiago Pereira (211.º) no encontro que colocou frente a frente os dois melhores portugueses da atualidade no ranking mundial de pares e apurou-se para os quartos de final, fase que os irmãos João Dinis Silva e Tiago Silva já tinham assegurado na véspera.
Novamente ao lado do francês Theo Arribage, com quem venceu um título e atingiu outra final em três torneios disputados, o especialista português triunfou por 6-4 e 6-3 no regresso a um torneio de boas memórias onde já venceu dois títulos em três finais disputadas (todas com Nuno Borges).
Em sentido contrário, Francisco Rocha e Henrique Rocha não encontraram argumentos para os terceiros cabeças de série, o romeno Victor Cornea e o neerlandês Mick Veldheer, e cederam por 6-3 e 6-2 sem conseguir uma quebra de serviço na dupla mais cotada.
Já no duelo que encerrou a jornada, com honras de Court Central do Complexo de Ténis da Maia, Pedro Araújo e Diogo Marques não andaram longe da vitória, chegaram a ter um set point no segundo parcial e até foram o par com mais chances no embate (nove contra três), mas viram Kimmer Coppejans (Bélgica) e Sergio Martos Gornes (Espanha) celebrar com os parciais de 6-4 e 7-6(1).
Fotografia: Eduardo Oliveira/FPT