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Num dia em que os doze primeiros da classificação geral mantiveram as posições relativas, Ruben Faria foi o melhor português ao rubricar o 3.º tempo. Paulo Gonçalves segue na perseguição a Marc Coma, agora com 7.35 de atraso para o espanhol.
A décima etapa do Dakar marcou o retorno à Argentina, onde os concorrentes enfrentaram 371 Km de troço cronometrado sempre a grande altitude, acima dos 3400 metros. Esta constituiu também a primeira metade de uma “etapa maratona”, pelo que hoje no acampamento só os pilotos podem intervir nas suas motos.
Joan Barreda foi o mais rápido da jornada, seguido do comandante da prova, Marc Coma. Este ganhou mais 2m07s a Paulo Gonçalves, autor do 5.º tempo. Quando restam por disputar três etapas, nada está decidido na luta pelo triunfo, e amanhã Gonçalves pode jogar uma cartada forte: como deve partir seis minutos depois de Coma, sem ser controlado poderá exercer pressão sobre o líder – e se as coisas correrem bem aproximar-se do rival na tabela, mantendo tudo em aberto neste entusiasmante duelo final.
“Foi uma ‘especial’ bastante rápida, com pouca navegação. No início a pista estava muito escorregadia, tinha a moto cheia de gasolina, não tinha confiança e perdi algum tempo,” admitiu Gonçalves. “Tenho a moto em perfeitas condições para arrancar amanhã, numa etapa maratona isso é importantíssimo. Faltam três dias para o final, vamos continuar a lutar e fazer o melhor que for possível.”
Ruben Faria fez boa operação, pois além do 3.º tempo neste dia – a 1.57 de Barreda - quase anulou a diferença de dez minutos que tinha para o 6.º colocado, David Casteu, e agora está apenas a 26 segundos do francês. Isto depois de ontem Ruben ter baixado para 7.º devido a uma penalização de 40 minutos. “Hoje foi um dia bom. Senti-me bem ao longo de toda a ‘especial’ e na fase final consegui mesmo subir a terceiro. Amanhã seguimos para Termas de Rio Hondo, e vamos continuar a lutar até ao final,” declarou.
Hélder Rodrigues obteve o 7.º registo, a 6.26 do mais rápido, e também ganhou tempo ao adversário que o precede na tabela, o holandês Hans Vogels, sendo agora de 1.18 a diferença entre eles. “A etapa não foi muito difícil, parti na frente e não havia muita navegação,” explicou Hélder. “Depois do reabastecimento imprimimos um ritmo para chegar tranquilos – é uma etapa maratona, é importante chegar sem problemas na moto.”
Já Mário Patrão acabou hoje por desistir, quando voltou a debater-se com problemas mecânicos no início do troço cronometrado – desta vez com a injecção de combustível. Após ser 30.º classificado nas duas anteriores edições, este ano Patrão falha o objectivo de chegar ao fim.
“Estou fora de prova, triste, exausto, fiz tudo o que podia mas a sorte não me quis acompanhar neste Dakar. Andei todos os dias como se estivesse na minha oficina, em Seia, sempre a reparar a moto pelo percurso, sempre com problemas,” confessou o campeão nacional de TT, que deseja voltar a esta competição. “Se conseguir reunir condições dignas de provar o meu valor, espero voltar e levar por diante um bom Dakar. Esta prova apaixonou-me, pedras no sapato há muitas, resta-me aprender a evitá-las.”
Amanhã, entre Salta e Termas Rio Hondo, há mais 512 Km para cumprir, sendo 351 cronometrados para as motos.
Classificação geral: 1.º Marc Coma (KTM) a 38h13m50s; 2.º Paulo Gonçalves (Honda) a 7.35; 3.º Pablo Quintanilla (KTM) a 31.42; 4.º Toby Price (KTM) a 32.06; 5.º Stefan Svitko (KTM) a 45.19; 6.º David Casteu (KTM) a 1h41.14; 7.º Ruben Faria (KTM) a 1h41.40; 8.º Laia Sanz (Honda) a 2h05.00; 9.º Ivan Jakes (KTM) a 2h25.51; 10.º Olivier Pain (Yamaha) a 2h50.11; 11.º Hans Vogels (KTM) a 3h21.36; 12.º Hélder Rodrigues (Honda) a 3h22.54; etc.