- Kubota faz história nos Pré-66
- Dupla portuguesa repete vitória nos Pré-77
- “3 Heures de Pau” decididas na última volta
O Iberian Historic Endurance voltou a protagonizar momentos emotivos no Pau Classic Grand Prix, em que a mais prestigiada competição de clássicos do sul da Europa teve a honra de reavivar as “3 Heures de Pau” disputadas no Circuit de Pau-Ville em 1958.
Se no sábado se assistiram a duas corridas emotivas, no domingo, o pelotão do Historic Endurance repetiu o feito, com duas corridas com vários motivos de interesse, ultrapassagens e indefinição até ao último segundo do cronometro.
Pré-66: Kubota vence em final imprevisto
A segunda corrida para as viaturas construídas até 1961, da classe Gentleman Driver Spirit (ou GDS, para viaturas de Turismo até 1965 até 2000cc, MGB e Porsche 911 SWB) e de acordo com as classes H-1965 e H-GTP&SC Pré-1966, foi dramática até mesmo antes de começar. O vencedor destacado da corrida de sábado, Florent Cazalot, não alinhou, devido a problemas no seu Lotus Seven.
Aproveitando a ausência do favorito, tal como no sábado, Damien Kohler liderou as primeiras voltas da corrida de 45 minutos, mas sempre seguido de perto pelo Lotus Elan 26R de Katsu Kubota e pelo Crossle 7S da família Rey, dois carros mais eficazes do que o mais potente AC Cobra quando se iniciaram as primeiras dobragens. Aliás, estes três concorrentes trocaram de posições por diversas vezes durante o início da corrida. À quinta volta, o Crossle 7S do duo francês suplantou o Lotus do piloto japonês e passou a pressionar o vistoso carro americano. Uma paragem nas boxes mais longa por parte da dupla do carro construído na Irlanda do Norte, permitiu ao Lotus subir novamente a segundo, enquanto Kohler, que optou por ser o primeiro a parar, ganhou uma certa vantagem.
Com a corrida a caminhar para o seu término, as três primeiras posições pareciam definidas. Porém, um “golpe de teatro” aconteceu a nove minutos do fim, quando o AC Cobra de Kohler ficou imobilizado perto do Casino. Kubota, um devoto aficionado da marca Lotus, assumiu assim a liderança para conquistar a sua primeira vitória no Historic Endurance e a vitória na classe H-1965. Este foi igualmente o primeiro triunfo de sempre de um piloto asiático na maior competição de clássicos do sul da Europa. Stéphane Rey e Mathias Rey foram os segundos classificados, vencendo entre os H-GTP&SC, enquanto que o Ford Anglia de Greg Carini, um carro que participou como “convidado”, terminou na terceira posição.
A vitória na classe GDS-1965 acabou nas mãos da dupla pai e filho Piero dal Maso e Guilhermo Dal Maso, que foram os quartos a receber a bandeira axadrezada. O duo do Porsche 911 SWB da Garagem João Gomes teve um duelo acirrado com o Mini Cooper S de Adrien Harang, que deliciou o público com a sua condução exuberante, até cair a pique na classificação, depois da paragem nas boxes. Com o favorito Luís Sousa Ribeiro, vencedor da classe GDS-1965 no sábado e do Index de Performance este fim de semana, a braços com problemas no seu Ford Cortina Lotus, o pódio da classe ficou completo com Dominque Jouvin (Mini Cooper) e Dominique Raffin (Ford Cortina Lotus).
Subiram também ao pódio nos H-1965, Raphaël Personnaz e Julien Personnaz, no Marcos 1800 GT, assim como Jonny Horsfield e Alex Jupe, em Alfa Romeo Giulia Ti. Num dia bom para os carros da marca fundada por Colin Chapman, Patrick Dayen/Pascal de Brito, no seu Lotus Eleven, e Xavier Rascagneres/Jérôme Peyrat, no aprumado Lotus 23B, foram ao pódio da classe H-GTP&SC. Pierre Macchi levou o seu Alfa Romeo Giulietta Sprint Speciale, o carro que habitualmente usa para competir no Tour Auto, novamente à vitória nos H-1961.
Pré-1977: Meireles e Nina repetem triunfo
Mário Meireles e Vasco Nina voltaram a repetir a exibição de sábado - “pole-to-win” - e nem mesmo um “Safety-Car” indesejado comprometeu uma expectável vitória na corrida e na classe H-1976. Todavia, a dupla da AMA Racing / Garagem Aurora sabia que poderia “bisar”, mas, ao mesmo tempo, não estava em condições de “levantar o pé”, pois precisava de amealhar todas as voltas possíveis se quisesse conquistar as “3 Heures de Pau”. Contudo, um período de “Safety-Car” já ao “cair do pano” quase fez ruir todos os seus esforços.
Depois do abandono na corrida de ontem, Domingos Sousa Coutinho e Nuno Breda não tinham muito a perder, e a dupla do BMW 2800 CS fez uma “remontée” do fundo da grelha de partida até ao segundo lugar, mas a dez minutos do fim, o carro alemão ficou parado em pista, culminando um fim de semana inglório para o duo português da RP Motorsport, trazendo o “Safety-Car" à pista.
O Porsche 911 2.8 RS da dupla portuguesa viu a sua vantagem reduzida a zero para as últimas voltas, mas um “sprint” final ao mesmo nível, permitiu à dupla Meireles/Nina voltar a saborear a vitória. A dupla francesa Mathieu Izidi/Rémi Guillot, em Porsche 911 2.7 RS, realizou outra corrida sem percalços e foi a segunda a terminar a corrida, posição que lhe valeu o segundo lugar da classe H-1976, que teve o inglês Paul Daniels, em Porsche 911 2.8 RSR, a subir mais uma vez ao pódio no terceiro lugar.
Discreto, mas eficaz, Vincent Jimenez, no seu Porsche 911 2.5 ST, foi o terceiro a cortar a linha de meta, vencendo uma vez mais a classe H-1971, onde foi acompanhado na cerimónia do pódio pelo espanhol Carlos Rivera, em BMW 2002 Tii, e pelos franceses Frédéric Clot/Félix Bernard, em Triumph Spitfire.
Quarto a ultrapassar a linha de chegada, Franck Biraben teve uma vitória folgada com o seu Porsche 911 entre os GDS-1965, cuja luta pela segunda posição foi decidida já ao cair do pano. Um segundo separou o VW Polo de Jacques Tillos/François Tillos do Fiat 128 SF de Stéphane Codet/Jérôme Gouvet. A dupla pai e filho Pai e Bruno Lima, levaram até Pau o seu Mini de troféu, e terminaram no 5º lugar da classe.
“3 Heures de Pau”: Indefinição até ao fim
O vencedor das “3 Heures de Pau” foi decidido pelo somatório das quatro corridas disputadas este fim de semana na 20ª edição do Pau Classic Grand Prix. Florent Cazalot partiu em posição privilegiada, pois inscreveu-se em ambos os “plateaux”. Porém, o francês esteve em “maré de azar”, e tanto o seu Lotus Seven como o Ford Escort, que dividia com o seu pai no “plateau” Pré-77, não conseguiram sair para a pista no domingo.
Mário Meireles e Vasco Nina tinham cumprido mais duas voltas do que os melhores do Pré-66 no sábado (26 voltas contra 24), e pareciam ter este troféu inesperadamente nas mãos. No entanto, a corrida matinal dos Pré-66 não teve interrupções e Katsu Kubota cumpriu 27 voltas, o que, pelo menos, obrigava o duo português, que tinha o pelotão atrás de si mais ou menos controlado, a uma corrida numa toada igual à de sábado. A dez minutos do fim, a presença do “Safety-Car” quase que deitava a perder todo o trabalho realizado até aquele momento. Todavia, o duo da equipa portuense fez um “forcing” nas duas voltas finais, o que foi suficiente para obter esta vitória simbólica.
Missão cumprida
Para a Race Ready, o promotor do Historic Endurance, esta passagem pela cidade dos Piríneus Atlânticos foi coroada de enorme sucesso.
“Proporcionamos ao muito público que marcou presença nestes dias em Pau quatro corridas empolgantes que foram uma justa homenagem às ‘3 Heures de Pau’. Há que salientar que já disputamos seis corridas esta temporada e ainda não houve um só contacto entre pilotos durante as corridas, o que demonstra bem a manutenção do espírito dos ‘3 C’ - No Crashing, No Cheating, No Complaining - no Historic Endurance e o respeito que há entre os nossos pilotos. Dentro de três semanas regressamos no Jarama Classic, um evento que será mais uma grande festa do automobilismo”, disse Diogo Ferrão, o CEO da Race Ready.
A terceira prova da temporada do Historic Endurance está agendada para o fim de semana de 10 e 11 de Junho no lendário Circuito del Jarama, dentro do programa do Jarama Classic, num evento que promete ser uma grande festa do automobilismo no ex-circuito de Fórmula 1 dos arredores de Madrid.