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Corridinho Algarvio - (III) Salve a face quem puder

Algumas mentes mais tortuosas, levantaram o boato, de que o terceiro dia do POM, ao ser disputado no mesmo local do dia anterior, terá sido fruto de falta de imaginação ou deficiente capacidade técnica da Organização. Efectivamente a etapa decorreu no mesmo mapa, com partidas e chegadas nos mesmos pontos da véspera e esse facto gerou uma quantidade de críticas. Ora, estes comentários foram altamente injustos e só compreensíveis, por uma menos cuidada análise da situação.

Se me permitem, eu tenho uma opinião muito particular sobre o assunto e completamente contrária à da maioria (ou minoria, nem sei bem). Considero esta atitude da Organização, uma verdadeira benesse concedida aos “perdedores”, “pastores”, “frustrados”, “desorientados” e sobretudo à “espécie de orientistas”. Digo mais, esta foi a prova de consolação, para aqueles que, por um ou outro motivo, tiveram prestações menos conseguidas na etapa do WRE. Esta prova decorreu sob o lema “Salve a face…quem puder…”. Ou como eu a entendi, o dia da vingança. Estão de acordo comigo ou…nem por isso?

A Organização tinha plena consciência, que a segunda etapa, dada a sua qualidade e exigência, poderia provocar uma autêntica hecatombe nos resultados finais. Se o mapa era interessante, porque não usá-lo duas vezes? No que pessoalmente me diz respeito, só tenho que lhes agradecer o me terem proporcionado uma segunda chance, de rectificar toda a chusma de asneiras cometidas no primeiro dia “Pontalício”. Se derem uma mirada aos tempos da etapa de domingo, podem verificar que esta “dádiva” beneficiou muito mais gente do que possam imaginar. Sou até apologista que se fosse necessária uma terceira “rodada”, ela devia ser facultada (hehe), tudo em defesa do estado emocional da população orientista.

Em termos pessoais, este terceiro dia, teve o efeito de um tónico. Quando me levantei, os meus “sinais vitais” estavam pró fracote e pensei bem que nem iria partir. O corpinho estava todo dorido, as pernas bamboleavam e a psique encontrava-se totalmente fragilizada. Um bom pequeno-almoço, mais um corridinho de cinquenta quilómetros, o reencontro com os amigos, a envolvência no ambiente de festa, o belo dum “cimbalino” e à hora da partida já me sentia “fresco como uma alface” (de três dias, mas ainda viçosa, hehe).

Quanto à minha prova, aproveitei ao máximo a oportunidade que me foi dada para salvar a face. O percurso tinha apenas menos 400 metros, mais um ponto que na jornada passada e um desnível idêntico. É verdade que passei por algumas áreas já conhecidas, mas esse facto não me retirou qualquer motivação. O desafio que impus a mim mesmo, ao querer repor alguma auto-estima, foi amplamente conseguido. O orgulho do “espécie” prevaleceu. De tanto cerrar os dentes, quase deslocava o maxilar.

Em condições normais, este trajecto seria para percorrer em menos meia dúzia de minutos do que o anterior. Só que eu tinha um défice bem pesado para abater. Não tendo feito um percurso limpo (há quem diga que não existe), longe disso, andei muito mais certinho e terminei com um tempo inferior em 40 minutos! Claro que houve um ponto de “atascanço” (7), (nem outra coisa seria de esperar), num buraco em que o lixo quase “abafava” a baliza, mas mais uma vez, os caminhos aqui só complicaram (está bem está, os caminhos…e a asnice!). Com tanta gente no meu escalão (mais de sessenta), acabei por nem me portar muito mal.

O que me parece um paradoxo é o número razoável de atletas, que obteve resultados inferiores ao do segundo dia. Então o mapa não era igual? As pernadas não passavam pelos mesmos locais? Não havia a sensação do “déjà vu”? Creio que houve alguma ilusão de óptica ou simplesmente…distracções!

Aqui vai mais uma vez, o meu lamento, para um momento que poderia ter deitado por terra todo o meu suor. A desilusão que apanhei no “ponto de abastecimento líquido”, onde apenas havia água com fartura (hehe). E as minhas “minis”? Quase sufocava com o calor. Querem acabar com a carreira do “espécie”?

Num aspecto vou dar razão aos críticos. A sensaboria dos pódios, que não alterou uma vírgula, em relação à segunda etapa. As comitivas nórdicas, salvo raras e épicas excepções (louvores para Tiago Romão, Santos Sousa e Mário Duarte), continuaram a monopolizar os lugares cimeiros. Esta constatação cria-me um problema, diria quase existencial: para além do cabelo loiro, em que é que eles, os “belos” Vikings, são diferentes de nós, os gloriosos Lusitanos?


 

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sexta-feira, 29 de março de 2024 – 11:57:20

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